sexta-feira, 8 de julho de 2011

Exame de Ordem III

O post não tem a ver com o EO, mas como discuti isso abaixo, segue como continuação.

Abaixo algumas questões do ENADE 2009, prova de Direito - sem os gráficos. Apenas a questão 11 é considerada como "formação específica". As demais são de "formação geral". O "link" do MEC não funciona, portanto a alternativa é essa para a íntegra da prova. Em alguns momentos parece que se está diante de um exame psicotécnico.

O que se vê nas questões é uma lógica canalha de se fazer propaganda governamental - vale lembrar que na gestão anterior essa foi uma das especialidades do governo: mais que decuplicou a quantidade de veículos que faziam propaganda a seu favor, se comparado com a gestão tucana, pulverizando a verba de publicidade até a pequenas rádios locais, fazendo a "informação" chegar a tudo quanto é beco. Uma bela estratégia - capilarizou a máquina de propaganda. Enfim, Grande parte das questões da prova tem por foco central ações do governo. A meu ver é clara a intenção de fazer o examinando sair da prova sabendo o que fez ou não o governo, sob uma ótica do próprio governo - como uma luva; mais conveniente impossível. As alternativas colocam o governo como o bom gestor, mascaram a realidade dos fatos e deturpam a história.

Lembra-me, em certo ponto, o conto do "Flautista de Hamelin", no qual um flaustista toma a responsabilidade de livrar uma cidade de uma infestação de ratos. Para isso, toca sua flauta, hipnotiza os ratos e os conduz para um rio, no qual os faz entrarem e todos morrem afogados. A avaliação parece querer eliminar o senso crítico dos examinandos. Sem a expressão para definir isso, fico com o nada.

A pergunta que se faz é a seguinte: o que realmente se avalia? Difícil...

Até mais!

QUESTÃO 03

O Ministério do Meio Ambiente, em junho de 2009, lançou campanha para o consumo consciente de sacolas plásticas, que já atingem, aproximadamente, o número alarmante de 12 bilhões por ano no Brasil. Veja o slogan dessa campanha:

“Saco é um saco. Pra cidade, pro futuro, pro planeta, pra você.”

O possível êxito dessa campanha ocorrerá porque

I. se cumpriu a meta de emissão zero de gás carbônico estabelecida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, revertendo o atual quadro de elevação das médias térmicas globais.

II. deixaram de ser empregados, na confecção de sacolas plásticas, materiais oxibiodegradáveis e os chamados bioplásticos que, sob certas condições de luz e de calor, se fragmentam.

III. foram adotadas, por parcela da sociedade brasileira, ações comprometidas com mudanças em seu modo de produção e de consumo, atendendo aos objetivos preconizados pela sustentabilidade.

IV. houve redução tanto no quantitativo de sacolas plásticas descartadas indiscriminadamente no ambiente, como também no tempo de decomposição de resíduos acumulados em lixões e aterros sanitários.

Estão CORRETAS somente as afirmativas A) I e II. B) I e III. C) II e III. D) II e IV. E) III e IV. GABARITO: E

QUESTÃO 05

O Brasil tem assistido a um debate que coloca, frente a frente, como polos opostos, o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. Algumas iniciativas merecem considerações, porque podem agravar ou desencadear problemas ambientais de diferentes ordens de grandeza. Entre essas iniciativas e suas consequências, é INCORRETO afirmar que

A) a construção de obras previstas pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) tem levado à redução dos prazos necessários aos estudos de impacto ambiental, o que pode interferir na sustentabilidade do projeto.

B) a construção de grandes centrais hidrelétricas nas bacias do Sudeste e do Sul gera mais impactos ambientais do que nos grandes rios da Amazônia, nos quais o volume de água, o relevo e a baixa densidade demográfica reduzem os custos da obra e o passivo ambiental.

C) a exploração do petróleo encontrado na plataforma submarina pelo Brasil terá, ao lado dos impactos positivos na economia e na política, consequências ambientais negativas, se persistir o modelo atual de consumo de combustíveis fósseis.

D) a preocupação mais voltada para a floresta e os povos amazônicos coloca em alerta os ambientalistas, ao deixar em segundo plano as ameaças aos demais biomas.

E) os incentivos ao consumo, sobretudo aquele relacionado ao mercado automobilístico, para que o Brasil pudesse se livrar com mais rapidez da crise econômica, agravarão a poluição do ar e o intenso fluxo de veículos nas grandes cidades.

GABARITO: B.

QUESTÃO 07: Leia o planisfério, em que é mostrada uma imagem noturna da superfície terrestre, obtida a partir de imagens de satélite:

Com base na leitura desse planisfério, é CORRETO afirmar que as regiões continentais em que se verifica luminosidade noturna mais intensa

A) abrigam os espaços de economia mais dinâmica do mundo contemporâneo, onde se localizam os principais centros de decisão que comandam a atual ordem mundial.

B) expressam a divisão do Planeta em dois hemisférios – o Leste e o Oeste – que, apesar de integrados à economia-mundo, revelam indicadores sociais discrepantes.

C) comprovam que o Planeta pode abrigar o dobro de seu atual contingente populacional, desde que mantido o padrão de consumo praticado pela sociedade contemporânea.

D) registram fluxos reduzidos de informação, de pessoas, de mercadorias e de capitais, tendo em vista a saturação de suas redes de circulação, alcançada no início do século XXI.

E) substituíram suas tradicionais fontes de energia não renováveis, historicamente empregadas na geração de eletricidade, por alternativas limpas e não poluentes.

GABARITO: A.

QUESTÃO 08: Leia os gráficos:

Relacione esses gráficos às seguintes informações:

O Ministério da Cultura divulgou, em 2008, que o Brasil não só produz mais da metade dos livros do continente americano, como também tem parque gráfico atualizado, excelente nível de produção editorial e grande quantidade de papel. Estima-se que 73% dos livros do país estejam nas mãos de 16% da população. Para melhorar essa situação, é necessário que o Brasil adote políticas públicas capazes de conduzir o país à formação de uma sociedade leitora. Qual das seguintes ações NÃO contribui para a formação de uma sociedade leitora?

A) Desaceleração da distribuição de livros didáticos para os estudantes das escolas públicas, pelo MEC, porque isso enriquece editoras e livreiros.

B) Exigência de acervo mínimo de livros, impressos e eletrônicos, com gêneros diversificados, para as bibliotecas escolares e comunitárias.

C) Programas de formação continuada de professores, capacitando-os para criar um vínculo significativo entre o estudante e o texto.

D) Programas, de iniciativa pública e privada, garantindo que os livros migrem das estantes para as mãos dos leitores. E) Uso da literatura como estratégia de motivação dos estudantes, contribuindo para uma leitura mais prazerosa.

GABARITO: A.

QUESTÃO 12: A História registra imagens da vivência de índios e negros no Brasil e de suas relações com o conquistador europeu. A esse propósito, assinale a alternativa que confirme a assertiva de que a história não deve ser vista “...só como ciência do passado (...), mas como ciência do presente, na medida em que, em ligação com as ciências humanas, investiga as leis de organização e transformação das sociedades humanasHESPANHA, Antonio M. História das Instituições. Coimbra: Almedina, 1952.

A) A questão dos índios e negros é superada na História do Brasil, pela Proclamação da República.

B) A ordem jurídica liberal democrática permitiu ascensão dos negros e dos índios na sociedade brasileira, como demonstram as ciências humanas.

C) A demarcação de reservas indígenas é acontecimento recente, que não deve ser associado a elementos históricos. D) O reconhecimento da titularidade das terras aos remanescentes de quilombos inscreve-se no processo histórico das transformações das sociedades humanas.

E) A ordem jurídica é fenômeno autônomo que não se contamina com a dinâmica social e histórica.

GABARITO: D.




Exame de Ordem II

Digo para ler as duas postagens abaixo antes de ler esta.

Eu fiz o Exame de Ordem (EO) que teve 84% de reprovação (EO 2010.2)– felizmente fui aprovado. Foi a primeira prova elaborada e aplicada pela Fundação Getúlio Vargas. Como disse abaixo, os EO não são fáceis.

Entretanto, o aspecto a ser abordado é outro: um paralelo entre o EO e o ENADE – aquela prova que diz avaliar a qualidade do ensino superior brasileiro.

Vamos ao primeiro ponto. Não se faz carnaval para o EO, como se faz para o ENADE? Por quê? Tenho para mim alguns dos motivos, os quais passo a descriminar abaixo. Fiz o ENADE no ano de 2009, última (atual) avaliação para o curso de Direito – ou ao menos fui ao local de prova e li a avaliação. Ambas as provas estão na internet: basta digitar no Google e comparar.

O EO realmente avalia o conteúdo estudado pelo bacharel em sua formação acadêmica, o que não é o caso do ENADE. É fácil ter boa nota no ENADE. Em outras palavras: o exame é ridículo, tanto em seu conteúdo quanto no grau de dificuldade.

Quando eu escrevi “carnaval” não foi nenhum exagero. Muitas instituições de ensino superior “estimulam” até o cansaço o aluno a fazer a prova. Fazem camisas do tipo “ENADE: EU FUI!”, “MINHA FACULDADE É 4!”, etc. Acreditem se quiser: existe Faculdade que faz cursinho para o ENADE – isso mesmo! Em um período anterior à prova abrem uma disciplina que revisa conteúdos da avaliação. Existe algo mais ridículo? Além do mais, exigem a presença do aluno, ou se a presença não é exigida concedem pontuação na média dos acadêmicos como uma espécie de ônus a ser suportado. Digo o seguinte: a instituição que promove verdadeiros “cursinhos” para o ENADE não confia no conteúdo repassado aos seus alunos ou não acredita que seus alunos possam fazer uma prova pífia. Falta-me expressão para expor o quanto isso é ridículo. Na ausência dos termos, fico com o nada.

No mais: oferecem lanche para os alunos; a entrada do local de prova é uma festa: barra de cereal com folhetos de propagandas das Faculdades e cursinhos preparatórios para concursos, distribuição de brindes os mais variados possíveis. Isso até dá para entender, com algum esforço.

Então, algumas instituições de ensino superior pegam seus alunos no colo, os vestem, dão comida, fazem carinho – tudo em prol de uma boa avaliação em uma prova que não avalia absolutamente nada. Claro, aos olhos da sociedade que não está por dentro de um esquema com interesses espúrios, uma Faculdade com conceito 5 no ENADE é garantia de qualidade. Papo furado: pode ser um atestado de garantia tabajara. Não garante nada a ninguém.

O pior de tudo: muitos alunos fazem a prova acreditando que contribuem para algo significativo: minha faculdade terá bom conceito no ENADE. São massa de manobra de um grupo com interesses capitalistas – é a única coisa que podem ser. Não tem como não lembrar de “Revolução dos Bichos”, grande fábula de George Orwell. Que fique claro: nos termos postos, relação apaixonada entre aluno e faculdade é uma grande besteira. Não existe romance. A instituição não gosta de você, gosta do que você tem – se é possível personalizar a esse ponto uma instituição de ensino superior. Neste tocante me refiro às particulares: nunca vi uma instituição de ensino superior pública fazer esse carnaval por causa do ENADE.

No meu caso, em particular, até os alunos do meu curso decidirem boicotar a prova (por motivo justo e não por baderna), a instituição pouco se manifestou sobre o exame: colocou um papel na parede de um dos corredores do curso com a relação de alunos que deveriam fazer a prova. Após o anúncio de um boicote à prova houve uma verdadeira guerra, em razão de se atingir interesses de alguns que freqüentam o campus – interesses que nem discuto aqui, pois são internos e nada tem a ver com a proposta deste blog.

O que eu digo, e com certa dose de orgulho, é que a Faculdade que eu cursei é nota 1 no ENADE/2009 e no EO que reprovou 84% dos candidatos teve a maior aprovação na primeira fase: cerca de 97%. Em termos de aprovação em primeira e segunda fases, é a que mais aprova no Espírito Santo. Digo mais: o curso se saiu bem em todas as edições do antigo provão e do ENADE (o que não diz muita coisa, é verdade) – conceito A e B, sendo que em um dos anos foi considerado o melhor curso de Direito do Brasil. O conceito B veio de uma tentativa de boicote – como é possível perceber, não teve sucesso. Por fim, apesar de eu não mais fazer parte da Universidade, no EO 2010.3 (o último) a instituição está entre as 20 que mais aprovaram (53,19% dos presentes) – o que deve e precisa melhorar: o índice já foi maior. Válido lembrar que muitas instituições mal conseguem atingir 5% de aprovação daqueles que foram inscritos.

Não existe necessidade de se divulgar isso em “outdoors” ou em grandes redes de rádio ou televisão. No máximo acontece como agora neste blog: faz-se um comentário e pronto. Afinal, o que faz a Faculdade? Os alunos. No meu caso, por vezes o corpo de professores foi vacilante, mas existem grandes mestres na instituição, sem dúvida. Os alunos também dão tiro n’água, obviamente.

O segundo ponto. Não existe interesse em se publicar um resultado ruim. De um modo geral, as instituições preferem publicar uma boa avaliação em um exame que não avalia absolutamente nada. É muito mais fácil, vende mais, interessa muito mais. Uma tremenda alienação. É claro que uma boa avaliação no ENADE pode coexistir com uma boa avaliação no EO. Todavia, somente a boa avaliação no ENADE não é parâmetro para atestar a qualidade de uma faculdade. Digo mais: uma boa avaliação no EO não é suficiente para atestar a qualidade de uma instituição de ensino superior, mas é um termômetro muito mais confiável que o exame promovido pelo Ministério da Educação. O ENADE funciona como um ladrão para um resultado ruim no EO. Sou capaz de apostar que se as faculdades que tanto divulgam o resultado do ENADE tivessem também um bom resultado no EO, o que estaria nas revistas é este último.

O terceiro ponto. A OAB não tem o interesse do governo federal, que é o de ampliar as ofertas de vagas do ensino superior. A política de cotas, o PROUNI, o REUNI, dentre outras ferramentas, têm o fito de no balanço geral chegar ao seguinte veredito: criamos tantos milhões de vagas para o ensino superior; o ensino superior é acessível a todas as camadas sociais; o PSBD é elitista – essa não poderia faltar. O governo aposta naquilo que enche os olhos em detrimento daquilo que eleva o nível da sociedade: quantidade em vez da qualidade. Assim, facilita a entrada do estudante nas faculdades pelo ENEM, que é uma prova muito mais tranquila que aquelas elaboradas em momento anterior a esse exame – tem sido considerada difícil muito mais pela reserva de vagas do que pelo seu conteúdo. Posteriormente, avalia a instituição de ensino superior com o ENADE, que, repito, de nada acrescenta a qualquer coisa. Amplia-se o gargalo para a entrada de estudantes e cai a qualidade das instituições. A reforma, como todos sabem, deve ser na base – vem sendo feita? Não! Basta olhar os índices nacionais e internacionais que avaliam o Brasil nesses critérios. A reforma na base educacional não interessa aos números, não enche os olhos. A promoção política e a aposta na ignorância (atenção: no sentido de não saber) da população formam um binômio muito interessante para quem almeja o poder pelo próprio poder.

Havia mais pontos, mas esse post já está grande e isso o torna cansativo. Então, é isso.

Até mais!

Exame de Ordem I

O Exame de Ordem (EO) é um tema controverso. Existem debates preliminares sobre a sua constitucionalidade – é constitucional ou não a sua aplicação/existência? Entendo pela constitucionalidade, mas não é assunto para este post. O imperativo é o seguinte: ele existe, acontece três vezes no exercício anual e gera efeitos.

Antes de tudo, algumas verdades: o Exame não é fácil, em razão de seu extenso conteúdo. Certas matérias são aplicadas no início do curso de Direito; para outras disciplinas o examinando não deu importância em sua formação acadêmica ou não estudou para o exame; a prova é extensa (atualmente são 80 questões, mas até o último EO eram 100), sendo exigidos 50% de acertos para classificação para a segunda fase (prova discursiva); não é possível utilizar coletânea de leis ou texto avulso de lei na primeira fase (provas objetivas); entre outras coisas. Enfim, quem não estuda para o EO está danado – salvo uma intervenção divina ou então muita sorte no chute (o que é mais possível).

É verdade que muita gente que se dedica não é aprovada – conheço algumas pessoas que realmente se dedicam ficaram reprovadas ao menos uma vez no EO. Entretanto, não é somente o fator estudo que compõe as ferramentas para ser aprovado ou reprovado. Existe o nervosismo, o cansaço de alguns meses de estudo a fio, a responsabilidade perante os pais, a necessidade de se ter inscrição na OAB para advogar, etc., etc., etc.

Outra verdade: a prova não é impossível, aliás, está muito longe de ser isso. Em caso de reprovação é necessário estudar mais. Não basta abrir os livros e ler: é preciso saber o que influenciou e o que foi determinante para o resultado ruim.

Constitucional ou não o EO está aí e reclamar não adianta. Não adianta invocar o argumento absurdo da reserva de mercado, tampouco que isso ou aquilo deveria ser permitido ou vedado. A prova está aí para ser feita e se o examinando ainda não está no nível exigido, que não é nada bizarro, deve se esforçar para chegar lá. É a rebarbativa afirmação: se te dão um limão, faça uma limonada.

Isso é só um intróito. Volto depois com um post sobre a reportagem do post abaixo.

Até mais!

Exame de Ordem reprova 88% dos inscritos, segundo OAB

04/07/2011 17h59 - Atualizado em 04/07/2011 18h41

Exame de Ordem reprova 88% dos inscritos, segundo OAB

De 106.891 candidatos, apenas 12.534 passaram, de acordo com a Ordem.
OAB diz que 81 instituições de ensino superior tiveram aprovação zero.

O último Exame de Ordem da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), realizado em dezembro de 2010, reprovou 88,275% dos 106.891 bacharéis em direito inscritos. Do total, apenas 12.534 candidatos foram aprovados, de acordo com a OAB. O índice de reprovação da edição anterior já havia chegado a quase 90%. A prova é realizada pela Fundação Getulio Vargas.

A assessoria da FGV informou que os nomes dos aprovados foram disponibilizados na internet em 19 de junho (confira link ao lado).

Segundo a OAB, outros dados também mostram que o problema é a má qualidade de parte dos cursos de direito. Das instituições de ensino superior participantes, 81 tiveram aprovação zero, de acordo com o secretário-geral da Ordem, Marcus Vinícius Furtado Coelho. "O presidente (da OAB) vai notificar o Ministério da Educação para colocar todas elas em regime de supervisão, que pode levar ao cancelamento", disse Coelho. O MEC registra 1.120 cursos superiores de direito no país. São cerca de 650 mil vagas, segundo a OAB.

“Isso é reflexo, infelizmente, do ensino jurídico do Brasil", disse o presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante. Os candidatos que fazem a prova pela segunda vez têm 7% de aprovação, em média, segundo a OAB. Aqueles que fazem o exame pela primeira vez ou estão no nono e décimo períodos da faculdade (treineiros) têm média de 25% de aprovação.

De acordo com Cavalcante, um estudo feito por ele com dados dos últimos quatro exames anteriores ao de dezembro de 2010 mostra que as 20 melhores instituições de ensino superior públicas aprovam, em média, entre 70% e 90% dos candidatos inscritos. Nas 20 piores universidades públicas e as 20 melhores universidades privadas, a aprovação média é de 40% a 60%. Já as 20 piores instituições particulares aprovam entre 3% e 5%. “Isso puxa para baixo o número de aprovações. Infelizmente, o maior número de estudantes está nas faculdades privadas”, disse Cavalcante.

Segundo Coelho, um grupo de universidades teve aprovação média de candidatos entre 80% e 90%. De acordo com o secretário-geral da OAB, são elas: Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Ceará (UFCE), Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Universidade Federal de Sergipe (UFS). "Isso significa que as boas aprovam quase todos os estudantes na primeira tentativa", disse Coelho.

O presidente da OAB disse que estuda a possibilidade de questionar na Justiça as aprovações de novos cursos feitas pelo Conselho Nacional de Educação “Não podemos conceber que o Conselho Nacional de Educação, fugindo dos parâmentos técnicos, autorize novas vagas”, afirmou.

Com relação às críticas de candidatos à dificuldade do exame, Cavalcante disse que não há reserva de mercado. “A OAB vive exclusivamente da contribuição dos integrantes. Os advogados pagam anuidade. Se tivéssemos dois milhões, teria recursos para desenvolver atividades bem maiores. Temos 700 mil advogados. Para a OAB, seria confortável. Nossa preocupação não se mede pelo número, mas pela qualidade”, disse.

A primeira prova do próximo Exame de Ordem da OAB está marcada para 17 de julho. A segunda fase está prevista para 21 de agosto.