segunda-feira, 26 de abril de 2010

Arlete Brito tem o mandato cassado


Aqui no blog já ventilei algumas coisas sobre o caso. Pois bem, na quinta-feira passada houve decisão para o caso, culminando na cassação do mandato de Arlete Brito por quebra de decoro parlamentar. Além do mais, concluíram pela prática do crime de concussão, mas lembro que a sanção penal é proferida apenas pelo Judiciário - aqui apontam os indícios e concluem dizendo que configrou queda de decoro parlamentar. Em sessão, a Câmara decidiu a questão por 9 votos contra 3 - a quantidade mínima de votos para a cassação do mandato eletivo.

O que me chamou a atenção é como foi dada pouca repercussão para o caso pela imprensa, especialmente a sul capixaba. Este e outros casos, infelizmente, só me levam a concluir que não existe empresa de meio de comunicação de massa isenta, imparcial. É caso de ordem pública. Existem interesses a serem protegidos, resguardados. Se não interessa ao veículo publicar tal fato, não publica e pronto. O interessante é que quando pisam no pé dessa turma logo invocam os altos valores de libedade de expressão, comunicação, liberdade política, dizendo-se aqueles que tornam as coisas transparentes, que trazem à tona os problemas das instituições, blá blá blá. Ressalvados os bons proffisionais, que a classe me desculpe, mas tais veículos são os primeiros a apontar a sujeira no Judiciário, Executivo ou Legislativo, se for do interesse, lógico; contudo, é aquele velho ditado: aponta um dedo para o outro e tem quatro apontados para si mesmo. A ética das empresas de meios de comunicação é algo muito confuso, muito conveniente.

Por isso digo que há que se ler de tudo, inclusive os jornalecos, pois cada um protege os seus interesses. O interesse do jornal 'A' pode não ser o do 'B'; se os jornais 'A' e 'B' têm os mesmos interesses, apele para o 'C'; se este último não diz nada, vá para os jornalecos de porta de cadeia mesmo. A ordem dos fatores não altera o produto da via crucis. Desconfiar do que se lê também é uma ótima estratégia: aguça o senso crítico e joga as histórias da carochinha para escanteio. Como falar baixo não é sinal de educação, ler de tudo não é acreditar em tudo que se lê.

O outro ponto é que o pouco que se tem falado é o seguinte: o caso não terminou em pizza. Aí eu penso: para ficar mais didático eu divido em pizza interna e externa. Explico.

O caso teve desfecho: Arlete teve seu mandato cassado. Contudo, retomando a questão, nas gravações efetuadas a ex vereadora afirmou que "todo mundo fazia" o tal do "rachid" e que "política se faz assim". Pois bem, imagine se não houvesse sanção para o caso, ou então se houvesse uma sanção mínima, como uma advertência, ou uma intermediária, como uma suspensão. Imaginem o clima de impunidade e o que a população iria pensar - sim: o povo sempre quer a punição máxima em casos como este. A batata iria esquentar para quem? Para toda a Câmara e o Presidente possivelmente iria virar farofa.

Existe mais alguém que faz o "rachid"? Não sei, mas diante do que foi levantado pela ex vereadora não seria descabível averiguar isso. Se não tirassem Arlete do jogo haveria maior possibilidade de balançar os pilares da Câmara para acarear os casos, uma vez que a figura do fantasma da improbidade ainda estaria morando na Casa. E a Credibilidade? Zero.

Enfim, para a sociedade o caso foi resolvido, parabéns - não houve pizza externa. Entretanto, ao que me parece, foram jogados panos quentes para não se avaliar eventuais condutas irregulares dos parlamentares - suposta pizza interna. Mais ou menos assim.

Não imputo qualquer conduta ilícita a qualquer vereador, afinal não tenho sobre o que sustentar minhas tais argumentos. Todavia, eu também enxergo para os lados - sou desprovido de viseiras laterais. O que eu acho é que tudo deveria ser avaliado. Mas quem faria isso? Comissões de vereadores? Eles se auto investigariam? Que indícios teria o Ministério Público para poder agir? Sei que é complicado, mas não posso fingir que isso não existe.

Lembro que um dos vereadores que estava na Comissão que apurou o caso foi afastado do órgão temporário por responder por acusação semelhante à imputada a Arlete. Também lembro que a ex vereadora responde processo judicial por improbidade administrativa.

Até mais!

Nenhum comentário:

Postar um comentário