quarta-feira, 28 de abril de 2010

Bota na conta do Ricardão!

Link para o Projeto de Lei 6433/2009 - Deputado Federal Paes de Lira (PTC/SP)

Essa me surpreendeu. Pelo PL em referência, que além de alterar os arts. 1.704 e 1.707 do Código Civil, acresce parágrafos aos preceptivos, atribui ao, digamos, "amante", a obrigação de pagar pensão alimentícia ao cônjuge que tenha agido com culpa naquilo que culminou no desquite, caso tenha havido renúncia ao encargo em sede de separação consensual pelo culpado, sendo motivado somente para não prosseguimento ao conflito. Simplificando: o Ricardão ou a Ricardona será obrigado/obrigada a pagar pensão alimentícia, ao cônjuge culpado pelo desquite, em caso de separação consensual (por acordo do casal), caso tenha renunciado aos alimentos no momento do acordo, sendo que somente abriu mão do instituto somente para não prosseguir com o debate.

A culpa toca, especificamente, o campo da infidelidade e da injúria.

Já pensou? Eu desconheço as vertentes ideológicas do Deputado Federal, mas acredito que com certeza influenciou, talvez mais do que deveria, na elaboração desse Projeto de Lei.

Ao que me parece a alteração do Código Civil visa a evitar um futuro embate judicial que tenha por objeto a pensão alimentícia, no sentido de revisar a renúncia aos alimentos ocorrida à época da separação consensual. A justificativa do próprio PL indica que existe posicionamento no STJ dizendo que a pensão alimentícia contida no art. 1.707, CC faz referência às relações de parentesco - que não é o caso entre marido e mulher. Portanto, é válida a renúnica aos alimentos por um dos cônjuges, mesmo em âmbito extrajudicial, não sendo possível a revisão.

Assim, como em um passe de mágica o PL passa a bola para o Ricardão ou para a Ricardona, colocando sobre seus ombros o dever de pagar alimentos ao ex cônjuge.

Lembro que o adultério foi descriminalizado no Brasil - o que considero um belo avanço. Em contrapartida, anos após, aparece este PL que acaba por impor "sanção" àqueles que não têm nada a ver com o dever de fidelidade dos casados. As alterações no texto legal têm por motivação coibir a conduta despropositada daqueles que se relacionam com aqueles que têm compromisso conjugal. A justificativa do PL ainda fala em conduta ilícita do "amante". Que conduta ilícita, cara pálida? O Ricardão ou a Ricardona infringe algum dever? São casados com alguém? Pode não ser o melhor comportamento, até reprovável moralmente, mas... ilícito? Não, não, acho que não. Não tem nada de antijurídico aí.

Existem outras barbaridades no texto do PL, mas nem vou me ater a isso.

Entendo que o Ratinho e o João Cléber sejam polêmicos, querendo ter grande repercussão no que ventilam, mas não um Deputado Federal e, consequentemente, uma Casa de Leis. No meu ponto de vista é algo bizarro, e de agora em diante eu me lembrarei do parlamentar qualificando assim suas idéias, até que algo útil e de bom senso surja para desconstituir o meu conceito.

Espero que as Comissões pertinentes tenham o bom senso de emitir parecer desqualificando este PL, dando subsídios aos parlamentares para não levar essa loucura à frente.

O título, como fica claro no texto, não limita o assunto a somente um dos sexos.

Até mais!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Arlete Brito tem o mandato cassado


Aqui no blog já ventilei algumas coisas sobre o caso. Pois bem, na quinta-feira passada houve decisão para o caso, culminando na cassação do mandato de Arlete Brito por quebra de decoro parlamentar. Além do mais, concluíram pela prática do crime de concussão, mas lembro que a sanção penal é proferida apenas pelo Judiciário - aqui apontam os indícios e concluem dizendo que configrou queda de decoro parlamentar. Em sessão, a Câmara decidiu a questão por 9 votos contra 3 - a quantidade mínima de votos para a cassação do mandato eletivo.

O que me chamou a atenção é como foi dada pouca repercussão para o caso pela imprensa, especialmente a sul capixaba. Este e outros casos, infelizmente, só me levam a concluir que não existe empresa de meio de comunicação de massa isenta, imparcial. É caso de ordem pública. Existem interesses a serem protegidos, resguardados. Se não interessa ao veículo publicar tal fato, não publica e pronto. O interessante é que quando pisam no pé dessa turma logo invocam os altos valores de libedade de expressão, comunicação, liberdade política, dizendo-se aqueles que tornam as coisas transparentes, que trazem à tona os problemas das instituições, blá blá blá. Ressalvados os bons proffisionais, que a classe me desculpe, mas tais veículos são os primeiros a apontar a sujeira no Judiciário, Executivo ou Legislativo, se for do interesse, lógico; contudo, é aquele velho ditado: aponta um dedo para o outro e tem quatro apontados para si mesmo. A ética das empresas de meios de comunicação é algo muito confuso, muito conveniente.

Por isso digo que há que se ler de tudo, inclusive os jornalecos, pois cada um protege os seus interesses. O interesse do jornal 'A' pode não ser o do 'B'; se os jornais 'A' e 'B' têm os mesmos interesses, apele para o 'C'; se este último não diz nada, vá para os jornalecos de porta de cadeia mesmo. A ordem dos fatores não altera o produto da via crucis. Desconfiar do que se lê também é uma ótima estratégia: aguça o senso crítico e joga as histórias da carochinha para escanteio. Como falar baixo não é sinal de educação, ler de tudo não é acreditar em tudo que se lê.

O outro ponto é que o pouco que se tem falado é o seguinte: o caso não terminou em pizza. Aí eu penso: para ficar mais didático eu divido em pizza interna e externa. Explico.

O caso teve desfecho: Arlete teve seu mandato cassado. Contudo, retomando a questão, nas gravações efetuadas a ex vereadora afirmou que "todo mundo fazia" o tal do "rachid" e que "política se faz assim". Pois bem, imagine se não houvesse sanção para o caso, ou então se houvesse uma sanção mínima, como uma advertência, ou uma intermediária, como uma suspensão. Imaginem o clima de impunidade e o que a população iria pensar - sim: o povo sempre quer a punição máxima em casos como este. A batata iria esquentar para quem? Para toda a Câmara e o Presidente possivelmente iria virar farofa.

Existe mais alguém que faz o "rachid"? Não sei, mas diante do que foi levantado pela ex vereadora não seria descabível averiguar isso. Se não tirassem Arlete do jogo haveria maior possibilidade de balançar os pilares da Câmara para acarear os casos, uma vez que a figura do fantasma da improbidade ainda estaria morando na Casa. E a Credibilidade? Zero.

Enfim, para a sociedade o caso foi resolvido, parabéns - não houve pizza externa. Entretanto, ao que me parece, foram jogados panos quentes para não se avaliar eventuais condutas irregulares dos parlamentares - suposta pizza interna. Mais ou menos assim.

Não imputo qualquer conduta ilícita a qualquer vereador, afinal não tenho sobre o que sustentar minhas tais argumentos. Todavia, eu também enxergo para os lados - sou desprovido de viseiras laterais. O que eu acho é que tudo deveria ser avaliado. Mas quem faria isso? Comissões de vereadores? Eles se auto investigariam? Que indícios teria o Ministério Público para poder agir? Sei que é complicado, mas não posso fingir que isso não existe.

Lembro que um dos vereadores que estava na Comissão que apurou o caso foi afastado do órgão temporário por responder por acusação semelhante à imputada a Arlete. Também lembro que a ex vereadora responde processo judicial por improbidade administrativa.

Até mais!

Saideira

Coisa boa de se tirar segunda via de documentos é lembrar que eles existem. Também é bom para decorar os números. Semana que vem eu esqueço...

Até mais!

terça-feira, 20 de abril de 2010

Mais uma de Cartório...

Nesta segunda-feira estive em um Cartório de Cachoeiro para retirar a segunda via de uma documentação perdida. Esperando o atendimento observei um cartaz na parede da repartição, mais ou menos assim: "Case-se conosco! No mês de maio ao registrar o seu casamento neste Cartório ganhe um delicioso espumante!". Havia foto de noiva e de espumante - eu juro.
Bem, ao conversar com a atendente, ela me perguntou com um certo espanto:
- Você nunca se casou?
Pouco mais de dez dias após ter feito 24 anos eu me senti com 42.
Ao final, ela ainda mandou:
- Quando for casar, case com a gente!
Pensei logo em responder:
- Tem que ser em maio, não é? Não gostaria que faltasse bebida no meu casamento.
Ou então me passar por idiota:
- Casar com você ou com o Cartório?
Não sei qual hipótese seria pior. O pouco de educação que eu tenho me fez rir e aceitar o convite, ou seria proposta?
O troço está feio: tudo vira negócio. No melhor estilo "está no inferno, abrace o capeta, chame-o para tomar uma gelada e pague a conta". Daqui uns dias estarão aceitando cartão e dividindo em doze vezes, sendo que o primeiro pagamento só após noventa dias. Quem sabe propaganda na TV no horário da novela das 20:00h.

Até mais!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Pediu cola para se alistar

Estava na Junta Militar de Cachoeiro de Itapemirim. Daí chegou um candidato a periquito acompanhado de sua mãe. Entre nome e aquela conversinha barata o sargento foi perguntando:
- Idade?
- 18.
- Você estuda? Que ano?
- 1º ano (ensino médio).
- Onde você nasceu?
O cara olha para a mãe e diz baixinho: "Onde, mãe?". E a progenitora sussurou: "Cachoeiro". Aí ficou mais fácil:
- Cachoeiro de Itapemirim!
Esse aí, mesmo com dezoitão, não iria me surpreender se respondesse "no hospital".

Até mais!