quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Utilidade de um dossiê

Antes de tentar escrever qualquer coisa sobre o cenário político e seus devaneios – escrevo "tentar", pois as minhas visitas a este blog têm se tornado cada vez mais raras em razão de “n” motivos –, é importante tocar em um ponto crucial e que está em voga, o submundo da colheita de informações: apresento-lhes os dossiês.

Por mais que óbvia a questão e simples a sua resposta, parece-me claro que a grande maioria não sabe qual a utilidade de um dossiê. O tema frequentemente vem à tona na gestão do atual governo e agora retorna com força total, ante o imbróglio que envolve Receita Federal, presidenciáveis, partidos políticos e ministros de Estado. Para mim o que se mostra é um "adeus" às instiutições republicanas.

Pois bem, o dossiê é entendido como um instrumento de chantagem, barganha. Trata de um amontoado de papel, não propositalmente juntado, no qual constam informações pessoais, profissionais, sigilosas, artísticas, conjugais ou qualquer outra coisa que interesse para denegrir a imagem de uma pessoa, notadamente qualificada como de natureza pública. O importante é angariar dados que potencialmente podem macular a imagem de determinada personalidade. Com isso em mãos, o “outro lado” tem uma forte ferramenta para manter calada a figura “investigada”. Claro, o dossiê também pode conter dados de pessoas ligadas ao alvo: colegas de profissão, superiores, familiares, etc. Enfim, em um dossiê vale tudo – eu disse tudo, e olha que de absoluto nessa vida nos resta pouca coisa.

Vale tudo, pois a forma como as informações são juntadas em um dossiê ignoram o Estado Democrático de Direito. Não existe respeito, não existe sigilo. E quem junta tais informações? Boa pergunta, mas o que se deve ter em mente, em primeiro lugar, é com quem está o dossiê – por claros motivos. Ora, mas se o dossiê vier à tona estará carregado de ilegalidade. Claro que estará, mas os fatos ali relatados, em geral, são verdadeiros. Se assim não os fossem a figura "investigada" não teria o que temer, em regra. Todos sabem, ou deviam saber, que uma vez manchada a reputação de uma pessoa, nunca mais será a mesma, não importa o esforço que se faça, desde que os fatos imputados sejam verdadeiros. Nome na lama não tem retorno.

Então, que fique clara a utilidade de um dossiê. É uma arma covarde, suja e ilegal para manipular pessoas e atingir interesses – sejam quais forem estes últimos.

Até mais!

Um comentário:

  1. Na próxima declaração do imposto de renda, mande seu recado direto ao PT!

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