sábado, 4 de junho de 2011

Para o MEC: 10-7=4.

Desde o governo passado o MEC demonstra uma tremenda incompetência. Acredito que todos lembram, ainda, dos episódios do ENEM: vazamento da avaliação, mantida sob sigilo; provas marcadas e remarcadas; gabaritos impressos de forma errada (de ponta cabeça ou sem todas as questões da prova); uma conveniente e mentirosa teoria de irresponsabilidade adotada pelo MEC, como se não tivesse o dever-poder de fiscalização (o erro foi da empresa responsável pela impressão das provas).

Sempre existe uma saída pela tangente: adota-se uma teoria aqui, diz-se inovar ali. Contudo, a verdade dos fatos é uma só: ensina-se mal. Basta olhar os índices que medem a qualidade da educação no Brasil – nacionais e internacionais.

Além dos sabidos problemas de estrutura da educação pública brasileira, tanto no aspecto físico quanto no corpo de pessoal (o investimento disponibilizado aos professores deve ser ao menos satisfatório), agora há que se preocupar com algo, deveras, inesperado. Além de se ensinar mal, ensina-se errado. E o pior: não existe qualquer constrangimento da pasta quanto a isso. Valores são invocados para execrar o chamado "preconceito linguístico". Como em um passo de mágica isso vira um problema social. Querem ver? Daqui algum tempo poderão existir cotas para os que não se dedicam a estudar a norma padrão - cursos para os que falam inequivocadamente e para os que falam equivocadamente. Poderá haver leis que criminalizam os atos aqueles que tentam acertar a ortografia do colega: "- Existe acento diferencial aí, camarada"; "- O texto é meu e escrevo como quiser. Vem cá, tá me chamando de ignorante por causa disso? Preconceito! Discriminação!". Em outro aspecto, não custa dizer que, pela criminalização da homofobia, sendo aprovado o projeto de lei, se você chamar um "gay" de "gay" haverá possibilidade de ser condenado em instância penal! Enfim, marchas de milhões com placas de "É nóis!"; movimento dos linguisticamente excluídos. Como coroa, o ex-presidente será nomeado membro da ABL.

O que acontece é real, e não esses devaneios que coloquei em um supracampo. O MEC entende que 10-7=4. Corregedoria em cima para ver onde aconteceu o erro, certo? Eu digo de antemão onde está o naco podre: nos autores e nos revisores. Como é que se manda material didático para as escolas com esse tipo de erro? Fernando Haddad já disse que não revisa pessoalmente os livros. Inteligentemente destaca a sua responsabilidade nisso: abrir sindicâncias e apontar o dedo para o responsável. Mentira. Em última tese Haddad é tão responsável quanto o encarregado direto pela revisão do material, ou seja, deveria pedir desculpas, no mínimo, como ato inicial. Apontar uma falha não é reconhecer falta de competência. Foram R$ 14 milhões empregados em livros didáticos com erros desse tipo. Para se ter uma idéia, são tantos os erros que não é possível corrigir mediante erratas.

Eu comecei a fazer um banco de notícias relacionadas ao MEC e a Fernando Haddad. Desde o início não consigo ver qualquer sinal de transparência ou de competência nesse senhor de fala mansa. Ele que vem sendo cotado como o preferido dos petistas para desbancar a hegemonia política tucana no estado de São Paulo.

Seguem abaixo duas notícias do MEC divulgadas recentemente e que embasam esse post.

Até mais!


MEC gasta R$ 14 milhões para imprimir 7 milhões de livros e 'ensinar' que 10 menos 7 são 4
1,3 milhão de alunos receberam materiais com erros; ministro da Educação pediu abertura de sindicância para apurar quem são responsáveis pela falha

03 de junho de 2011 20h 15
Marta Salomon e Denise Madueño


BRASÍLIA - O Ministério da Educação pagou R$ 13,6 milhões para ensinar que dez menos sete é igual a quatro a alunos de escolas públicas da zona rural do país. No segundo semestre de 2010, foram distribuídas com erros graves 200 mil exemplares do Escola Ativa, material destinado às classes que reúnem alunos de várias séries diferentes.

Foram impressos ao todo 7 milhões de livros – cada coleção do Escola Ativa contém 35 volumes. Os erros foram detectados no início do ano, e um grupo de especialistas contratados pelo ministério julgou que eles eram tão graves, tão grosseiros e tão numerosos que não bastava divulgar uma “errata” à coleção.

Os livros com erros foram distribuídos a 39.732 classes multisseriadas da zona rural, presentes em 3.109 municípios e todos os Estados do país. Segundo publicação do MEC, essas classes atendem 1,3 milhão de alunos.

Provocado pelo Estado, o ministro da Educação, Fernando Haddad pediu à Controladoria-Geral da República (CGU) a abertura de sindicância para apurar o tamanho do prejuízo e os responsáveis por ele. Ao mesmo tempo, mandou uma carta aos coordenadores de escolas da zona rural recomendando que os livros do Escola Ativa não sejam usados em sala de aula. A coleção foi retirada do ar também na internet.

“O número de erros é razoável, isso não se resolve com errata”, disse Haddad ao estado, na tarde desta sexta-feira. A reportagem busca informações do MEC sobre o destino da coleção Escola Ativa desde segunda-feira. “Houve uma falha de revisão, essa revisão foi muito malfeita”, admitiu o ministro, insistindo que se trata de um material de apoio às classes multisseriadas no campo. “A interrupção do uso não vai comprometer o ensino, porque esse é um material de uso opcional”, completou.

A última versão da coleção do Escola Ativa teve a impressão encomendada à gráfica e editora Posigraf, de Curitiba. Segundo registro no Portal da Transparência, site mantido pela Controladoria-Geral da União, o trabalho custou aos cofres públicos exatos R$ 13.608.033,33.

O dinheiro seria suficiente para a construção de 36 escolas de educação infantil, segundo cálculo usado recentemente pelo próprio ministério. As 200 mil coleções foram impressas e distribuídas no segundo semestre do ano, sem que percebessem as falhas na edição.

Erros primários. O MEC informou não ter toda a coleção disponível para a consulta em Brasília. Mas, entre os exemplos que condenaram a edição, os erros de matemática são os mais notáveis. Na página 29 do Guia 4 de Matemática, o Escola Ativa convida os alunos a fazer descobertas com números, na companhia dos personagens Joana e Pedro. A página apresenta uma tabela na qual, na qual 10-7=4. A página 138 do Guia 3, também de Matemática, apresenta tabelas de adição e subtração, para que os alunos confiram os resultados de operações com números entre 9 e 18. Nas tabelas, o Escola Ativa, o aluno da zona rural aprende que 16-8=6 e 16-7=5.

A pedido do MEC, a Controladoria-Geral da República deve abrir sindicância nesta segunda-feira para investigar o caso. O secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC à época da contratação era André Lázaro, atual secretário executivo da Secretaria Nacional de Direitos Humanos. Na última segunda-feira ele disse que a coleção ficara indisponível “para pequenas correções”. Na sexta, não respondeu à reportagem.

(FONTE: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,mec-gasta-r-14-milhoes-para-imprimir-7-milhoes-de-livros-e-ensinar-que-10-menos-7-sao-4,727752,0.htm)


Livro distribuído pelo MEC defende errar concordância
Do Rio


Um livro didático para jovens e adultos distribuído pelo MEC a 4.236 escolas do país reacendeu a discussão sobre como registrar as diferenças entre o discurso oral e o escrito sem resvalar em preconceito, mas ensinando a norma culta da língua.

Um capítulo do livro "Por uma Vida Melhor", da ONG Ação Educativa, uma das mais respeitadas na área, diz que, na variedade linguística popular, pode-se dizer "Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado".

Em sua página 15, o texto afirma, conforme revelou o site "IG": "Você pode estar se perguntando: 'Mas eu posso falar os livro?'. Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico".

Segundo o MEC, o livro está em acordo com os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) --normas a serem seguidas por todas as escolas e livros didáticos.
"A escola precisa livrar-se de alguns mitos: o de que existe uma única forma 'certa' de falar, a que parece com a escrita; e o de que a escrita é o espelho da fala", afirma o texto dos PCNs.

"Essas duas crenças produziram uma prática de mutilação cultural que, além de desvalorizar a forma de falar do aluno, denota desconhecimento de que a escrita de uma língua não corresponde inteiramente a nenhum de seus dialetos", continua.
Heloísa Ramos, uma das autoras do livro, disse que a citação polêmica está num capítulo que descreve as diferenças entre escrever e falar, mas que a coleção não ignora que "cabe à escola ensinar as convenções ortográficas e as características da variedade linguística de prestígio".

O linguista Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, critica os PCNs.
"Há uma confusão entre o que se espera da pesquisa de um cientista e a tarefa de um professor. Se o professor diz que o aluno pode continuar falando 'nós vai' porque isso não está errado, então esse é o pior tipo de pedagogia, a da mesmice cultural", diz.

"Se um indivíduo vai para a escola, é porque busca ascensão social. E isso demanda da escola que lhe ensine novas formas de pensar, agir e falar", continua Bechara.
Pasquale Cipro Neto, colunista da Folha, alerta para o risco de exageros. "Uma coisa é manifestar preconceito contra quem quer que seja por causa da expressão que ela usa. Mas isso não quer dizer que qualquer variedade da língua é adequada a qualquer situação."

(FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/saber/915795-livro-distribuido-pelo-mec-defende-errar-concordancia.shtml)

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