sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Como diria Raul: "Todo mundo tem uma explicação"

Arlete fala sobre denúncias - do site da Câmara Municipal de Cachoeiro de Itapemirim


O que dizer sobre isso? Não estou jogando a ex Secretária no calabouço antes do tempo, mas não tenho como evitar: segue em tuti-fruti as falas da atual Vereadora, retirada da notícia indicada no link logo acima:

A vereadora afirmou que seu objetivo era ajudar pessoas que necessitam, mas que não chegou a pegar o tíquete-alimentação de ninguém. “E não acusei nenhum vereador de nenhuma prática semelhante ou ilícita, minha fala foi no sentido de ajudar as pessoas”, disse ela.

É, caros miguxos, depois dessa tenho que concluir pela tese de que qualquer porcaria que se fale tem plena utilidade. Realmente é subestimar a capacidade da população cachoeirense. É uma tremenda alienação. Sem falar que no caso de Arlete as palavras "semelhante" e "ilícita" são sinônimas.

Relembro a gravação da conversa telefônica aqui.

Arlete explica melhor, deixa às claras, de forma límpida e transparente, que a prática comumente praticada na Câmara Municipal é a da caridade. Não, ela não quis dizer que o "rachid" é trivial, mas sim a caridade. E se ela não fizesse suas boas ações todos a chamariam de garotinha má! "Aiaiai!!". De bandeja atribuiu a cada colega de Câmara um auréola e um par de asas. A mão que apedreja é a mesma que afaga.

Na gravação, sob o brocardo "política se faz assim, não tem jeito", ela justifica o "rachid". Politicagem, não é, Veradora? Improbidade. E quem pode negar isso? Somente ele, Judas.

Logo antes ela fala "sendo certo, sendo errado, eu preciso fazer". Logo depois, até onde é entendível: "Se eu quiser fazer política da forma corretíssima...". Ora, pipoca! Então é assim: entra na Câmara Municipal e ganha um kit papai noel, composto de poder, cargos comissionados para dispor e ticket alimentação. Vejam que não importa se é certo ou errado: fazer obras de caridade é sublime, não importa o meio. E coloque nisso que assim se faz política. Pronto! Com esse shake acabei de fazer uma viagem à época em que Estado e Igreja, reflexamente, justificavam-se - vagamente. Assim é, conforme Arlete, hoje entre Poder Público e caridade - Nguardem as proporções, minha gente, e exagerem na ironia. Nossa Robin Hood de saias!

É um discurso destruidor da moralidade, do bom senso e das instituições - o que não estranho, posto que o exemplo para os petitas tem vindo de cima. E ai de quem não usar: príncipe Jhon.

Agora sim estou mais feliz! Antes todos faziam "rachid", agora todos os vereadores fazem caridade. Tenho orgulho de ser cachoeirense. Inclusive, neste mês, dedicarei a parcela referente ao transporte que compõe a minha bolsa de estágio a obras de caridade. Estou enternecido e movido pelo altruísmo.

Não sei mais os limites da hipocrisia.

Até mais!

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