domingo, 21 de fevereiro de 2010

"Rachid" em Cachoeiro

Na data de 18/02/2010 ocorreram mudanças na Secretaria Municipal de Trabalho e Habitação de Cachoeiro. A então Secretária e Vereadora licenciada, Arlete Brito (PT), foi exonerada, sendo que para o seu lugar foi designado Elias de Souza (PT) - Elias do PT.


Conforme coloquei em rosinha no texto abaixo, o portal da Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim/ES publicou que a saída de Arlete Brito se deu pela necessidade de a ex Secretária defender-se na Câmara Municipal das acusações que vem sofrendo. Que acusações são essas? Arlete indicou uma servidora para a Câmara, Luciana Santos da Silva, na verdade sua assessora. Contudo, nada de confiança: permuta de favores. Em troca do emprego a servidora deveria fornecer o ticket alimentação no valor de R$ 480,00 para a ex Secretária, que aplicaria o montante em obras de caridade, alegando que o negócio era comum e que se não o fizesse os seus pares a taxariam como aquela que não se importa com o próximo. Gravação? Sim. O diálogo atribuído aos personagens citados foi gravado pela assessora - é a conversa que está correndo. Aqui o link.

Acho que ficou claro o que é o "Rachid": essa troca de "gentilezas" descrita aí em cima.

A ex Secretária voltará para a Câmara Municipal, posto que Vereadora eleita.
Arlete Brito ao assumir a Secretaria também era diretora do Sindicato dos Comerciários (SINDICOMERCIARIOS). Bem, à época de sua nomeação e posse soltou essa - em rosinha, para continuar coerente:

Me licencio do cargo de vereadora tendo a consciência de que fiz muito nos 11 meses em que estive na Câmara Municipal. Contudo minha competência enquanto legisladora era mais limitada na luta em prol da classe trabalhadora se comparado a uma atuação à frente de uma secretaria municipal.


"Obras de caridade". O que dizer sobre isso? Bem, no caso não interessa o que seja isso ou para quem seja. É um subterfúgio sujo, mesmo que os valores tenham sido direcionados para tanto. Utilizar-se de posição hierárquica superior para ter tal tipo de conduta é extremamente lamentável. Ainda, vejamos, como consta na gravação, é prática comum. Não seria bem vista por todos da "sua classe" se não fizesse o acordo. Que caridade é essa? As avessas? Para mim caridade se faz de coração e não para "ficar bem na fita". Lembram de Robin Hodd? Ele agia fora da lei e fazia suas caridades. Guardadas as diferenças de contexto, talvez essa possa ser "nossa" Robin Hood legal - e de saias. Ignorância.

A famigerada "luta". Sempre ela. O fato é ainda mais vergonhoso por Arlete ter ocupado a pasta de TRABALHO - nada mais, nada menos. Que luta é essa? Luta para retirar o ticket alimentação do trabalhador, um direito conquistado, impassível de ser tangido por qualquer meio do devido processo legal? O ticket, isso mesmo, aquele que tem a pífia finalidade de auxiliar um indivíduo a subsistir. É esse mesmo, não se engane! Por um acordo entre donzelas (se fossem homens seriam cavalheiros), um direito é suprimido. É disponível? Sim, mas pelo beneficiário, que o direciona como bem entender e por ato livre de sua vontade. O ingresso no emprego mediante o fornecimento de ticket extrapola os limites da disponibilidade e adentra do certame da corrupção. Vontade viciada.

De acordo com reportagem pulicada pela Gazeta online
, Arlete Brito teria confessado os fatos. Ainda, afirma que o acordo foi desfeito 30 dias após a propositura, por iniciativa de Luciana.

Nada obstante a confissão ser considerada a "rainha das provas", isso não afasta o procedimento legal investigatório. É preciso observar as condutas, as motivações, os beneficiados, os prejudicados - bem, estes nós sabemos que somos nós, sociedade cachoeirense -, além de todo o contexto. Devem ser ouvidas as partes, além de figuras, como o Prefeito da cidade - por que não? Secretaria é cargo de confiança. Uma confissão é muito pouco para a população cachoeirense. Menos que os R$ 480,00.

Talvez fosse melhor Arlete Brito pedir para dar um volta em algum lugar e nunca mais voltar. Deixar a cadeira vaga, sabe? Esquecer que é vereadora! Isso! Torna-se contraditório e irônico o discurso: o vereador sempre escora seus argumentos na sua escolha pelo voto, democracia, República, confiança, etc. E agora? Não seria demais pedir para sair, depois da lambança. Os argumentos de posse não mais se sustentam. Foi improba, defecou na cabeça do povo, sujou ainda mais a imagem de seu partido, dedurou, sem citar nomes, toda Câmara Municipal - isso por baixo.

É fácil confessar e depois declarar que isso deve ser ligado ao Legislativo, assim faz o papel de paladina e bota tudo em sua conta. "Joga a bola 'nimim'!" Claro está que deseja desatrelar a bagunça do Executivo. Afinal, a ex Secretária e o Prefeito são filiados ao mesmo partido político. Estamos em ano eleitoral e a repercussão local pode ser negativa para os interesses do partido - em esfera nacional. E, vem cá? Vou! Por falar em partido político, qual será a posição do PT perante isso tudo? A meu sentir deveria ser o primeiro ente a repreender e tomar as atitudes administrativas cabíveis, e a desfiliação não seria nada exagerado. Mas esperar isso do Partido dos Trabalhadores, em um município de aproximados 200.000 habitantes, de povo com pouco engajamento político e apostando na memória curta peculiar de toda a população brasileira, seria demais, demais mesmo.

Claro, o fato de Luciana colocar a boca no trombone não torna sua conduta menos recriminável. Remete-me ao "Bob Jeff". Como funcionária deve responder igualmente por seus atos, também sujos. A diferença é que, vejam bem, pode-se estar diante de uma hipótese de sustento, de vivência. Acho que não justifica, de forma alguma, mas é algo a se ver. Do outro lado, para pessoa que pode fazer isso acontecer, mediante uma chantagem besta, que pode mandar e desmandar, ainda mais ligada ao Poder Público, a sanção deve ser severa e exemplar. Leia-se: exemplar.

Tenho mais a escrever, mas o tópico está bastante extenso. Espero o desdobramento da história.

Até mais!

2 comentários:

  1. Como diz o ditdo: Se não fosse trágico, seria cômico!!!!!
    A vereadora de Cachoeiro, Arlete Brito, teve a audácia de pedir os tickts dos trabalhadores em troca do emprego. Como se não bastasse, ainda se justificou dizendo que era para fazer obras de caridade. Porém, fazer obras de caridade com o dinheiro dos outros é muito fácil..... os trabalhadores da prefeitura municipal de Cachoeiro de Itapemirim tem que dispor de um direito legalmente assegurado para terem o emprego garantido.
    Há de convir que qualquer cidadão que necessita de um emprego se submeteria a esta situação.
    A qustão é que a vereadora não deveria, em hipótese alguma, nem cogitar tal proposta...
    foi feio, foi sujo...
    Se ela queria fazer caridade, porque não fez com o seu próprio dinheiro????
    Descobrir um santo para cobrir o outro não vale de nada!!!!

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  2. Que baixaria! Estava por fora dos últimos acontecimentos em Cachu. É que o cenário político aqui no DF anda bem divertido, ultimamente.

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