quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Transporte público em Vitória/ES

Já manifestei em algum post o meu descontentamento com o transporte público em Vitória/ES. É verdade que a Prefeitura Municipal e as empresas com permissão para fornecer o serviço têm dedicado esforços para melhorar a situação, que classifico como periclitante. Mas me parece que a motivação para a modernização da frota não é somente a melhoria da qualidade do transporte.

Sempre algumas palavrinhas entram e saem de moda. Acho que todo mundo está cansado de saber que a "acessibilidade", principalmente para a Administração Pública, é uma delas, e quer dizer que não interessa se o "meio x" será utilizado, mas que ele está disponível e é ferramenta para se alcançar um determinado fim. Quero dizer que sabe-se que "alguém" precisa daquele instrumento, que ele está ali, mas esse "alguém" pode utilizá-lo ou não. Eu não seria ingênuo a ponto de pensar que seriam levantadas ferramentas sem qualquer utilidade para alguém sob o manto da acessibilidade.

Vê-se até um projeto chamado calçada cidadã, que vem sendo aplicado em Vitória, de modo que projeta padronizar as calçadas, promovendo espaços para lixeiras, orelhões, piso anti-derrapante, rampa de acesso para cadeirantes, etc. Bela iniciativa.

Retornando, no final das contas o fim é deixar em disponibilidade, seja lá o que for, de maneira adaptada às necessidades de todos. Diminuir esforços, aumentar o conforto, talvez. É abstrato, aberto, e só toma contornos quando aplicada ao caso concreto. É assim, e a acessibilidade sempre vem acompanhada de outra palavra: necessidade, aqui aplicada a cada particular, deixando para cada qual a faculdade de uso do meio.


Digo isso pois entendo louvável a posição das autoridades competentes em empenhar esforços para adaptar o transporte público às necessidades de portadores de deficiências físicas, idosos, gestantes, etc. etc. Contudo, todos os dias quando utilizo o coletivo tenho a impressão de que houve um erro de cálculo. A verdade é que os ônibus adaptados possuem capacidade reduzida para comportar as pessoas, de modo que em alguns dias olho um coletivo com 20 cidadãos e o acho insuportável. Quero dizer que apesar da reconhecida grande atitude dos responsáveis, aqueles que precisam das adaptações são, inegavelmente, minoria. A grande massa trabalhadora (ou não), não possue, digamos, "necessidades especiais".

Bem, se da forma que está, com os veículos sendo substituídos gradativamente, o trânsito já está um caos, não consigo imaginar a possibilidade de toda a frota ser substituída pelos novos ônibus. Ou se terá que aumentar o número de coletivos ou... o quê será feito? Não sei. Só sei que com aumento do número de veículos o trânsito tende a piorar. Aqui não tem faixa preferencial para ônibus - é certo que em alguns pontos da cidade, na prática, isso é possível observar, mas é super deficiente e desrespeitado.

O desconforto é grande. Ouço diariamente relatos de meus pares que o transporte do trabalho para a casa e vice versa chega a cansar mais que o próprio labor. Concordo, ao menos em alguns dias. Ontem mesmo observei um ônibus, a linha 302, a qual aproximadamente às 23hs30min lestava lotada, com gente em pé. De igual modo, quando vou para a universidade, um ônibus no início do itinerário fica lotado antes de eu chegar ao meu destino - que fica a uns cinco minutos daqui de casa. É absurdo, no mínimo.

Enfim, eu me questiono se os responsáveis não levaram em conta tal fator. Chego à resposta que levaram sim. Não acredito que tenham pensado em renovar a frota de ônibus sem ao menos traçar um mapa das necessidades dos cidadãos, da satisfação dos usuários. Seria uma imperdoável imprudência. Eu mesmo já respondi um questionário, na rua, sobre a qualidade do transporte público.

Continuo me perguntando qual a instrumentalidade da palavrinha do momento (uma das) para a Administração Pública: proporcionar um transporte de qualidade ou somente para encher a boca que a cidade possui veículos adaptados? Ao final e nesses moldes será mesmo totalmente eficaz a substituição de toda a frota? Os ônibus possuem câmeras? Sim. GPS? Sim? Elevadores para cadeirantes? Sim. Lugares para obesos? Sim. E os cães guias? Também foram lembrados. E a grande maioria? Espero que não seja esquecida e que sejam tomadas providências para melhorar a situação.


Até mais!

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